APROPRIAÇÃO CULTURAL – Racismo ou Assédio Capitalista?

apropriacao-02 A questão da apropriação cultural nasce de uma perspectiva vista há algumas décadas atrás, mas pouco se debate a respeito desse assunto, porque muitas correntes pós-modernas desconsideram a origem da apropriação em si, gerando um questionamento generalista e que confunde as questões que envolvem o que seria e como se difunde a apropriação cultural.

É importante o debate acerca da valorização de uma cultura, seja ela para que valores ancestrais permaneçam, seja para que o percurso tomado pela humanidade não perca a história de um povo, seja pra que a história desse povo prevaleça como uma forte idealização de identidade cultural para os herdeiros dessa cultura.

O que poucos sabem, mas já aconteceu e ainda acontece, é que várias culturas morrem não só porque seus adereços foram banalizados; e sim porque sua história foi esquecida através do esmagamento de outras culturas que se intitulam “dominantes”.

A dominância de uma cultura se dá neste momento através dos meios de industrialização, e é assim que a cultura eurocêntrica vende e enriquece através da apropriação cultural. Inserindo modelos eurocêntricos na história de povos que foram de alguma forma, dominados pela escravidão ou pela colonização.

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No mundo, houveram varias manifestações da apropriação cultural, em movimentos sociais marcados pela arte através da musica, como o rock que foi criado através de uma perspectiva de manifestações pelo movimento negro, e hoje abriga inclusive, vertentes fascistas e é tido como um ritmo racista que não abre mais margem para o publico negro; através da religião que foi deturpada por elementos de religiões europeias; e embranquecimento da história de povos que construíram grandes histórias e realizaram grandes feitos pelo seu povo. Um grande exemplo disso foi o povo egípcio, grandes conhecedores de engenharia, matemática, física, e inclusive medicina, cujo “pai da medicina” titulo atribuído por Hipócrates, na verdade é um estudo que foi copiado de Imhotep que era Egípcio. O povo egípcio construiu grandes monumentos imortalizados, e mesmo assim, há uma grande duvida acerca de que eles realmente tinham conhecimento para construção destes monumentos, por serem negros, há uma enorme necessidade de apagamento na história de inteligência e astucia desse povo. No Brasil, essa modalidade de apagamento da nossa cultura, religião, culinária e adereços utilizados como forma de resistência e enfrentamento nos séculos de escravidão, se dá através da indústria da moda e da mídia, que banaliza aspectos culturais afrocentrados, desfazendo as ideias do que esses adereços trazem, banalizando esses aspectos e os diminuindo à mera utilização de moda. Isso apaga debates culturais importantes na história do Brasil, debates que colaboram para o enriquecimento cultural e impulsiona uma soberania eurocêntrica, trazendo ao senso comum, a ideia equivocada de que a nossa cultura não tem nenhuma relevância histórica colaborada pelo povo negro e indígena.

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Assim, enxergamos como a indústria de moda que gera uma falsa demanda de utilização de adereços culturais, influencia o impulso da banalização de uma cultura; mas como poderíamos culpar pessoas nessa apropriação? É necessário entender que uma pessoa branca por si só não tem potencial de apropriar-se de toda uma extensão cultural, apenas por utilizar turbante ou dreadlocks, é impossível que uma única pessoa gere apagamento de toda uma cultura continental ou de um povo através da utilização de um adereço. Muito se debate que uma pessoa colabora para o impulso da comercialização destes produtos como meramente adereços de moda, mas vejamos o quanto isso se torna improvável. É impossível que uma única pessoa influencie toda uma indústria a continuar produzindo produtos culturais como adereços sem importância, porque é justamente o contrário que acontece. Nós somos todos influenciados a consumir, somos maquina de produção e consumo do capitalismo, somos 99% da população mundial que produz dinheiro e consome para que os outros 1% enriqueçam em cima da nossa produção e consumo.

Desta forma, a indústria midiática, da moda, musical, influencia toda uma questão de consumo para nós pessoas normais através do senso comum nos utilizarmos de adereços de relevância cultural, como moda e comportamento passageiros.

É importante não nos esquecermos do peso racista que traz a apropriação, porque quando uma pessoa negra se utiliza de seus elementos culturais, ela é vista depreciativamente, ao passo que quando uma pessoa branca utiliza, há sempre uma perspectiva positiva com relação à atitude da mesma, fazendo com que haja higienização na utilização de adereços culturais, trazendo beneficio apenas a pessoas brancas e fazendo com que pessoas negras sejam sempre preteridas por se utilizarem de sua própria cultura. A indústria trabalha esse racismo, trazendo a falta de representatividade dentro desses aspectos culturais, colocando pessoas brancas para utilizarem turbante, cantores brancos na cultura hip-hop, como uma forma de popularizar a cultura negra de forma higienizada, banalizando a cultura negra, sem os seus representantes, apagando da historia dessa cultura, seus verdadeiros protagonistas. A priori, devemos culpar socialmente o racismo que a apropriação traz como um viés de opressão contra o povo que é “dono” daqueles aspectos culturais, mas a ponto de partida mais amplo, devemos nos ater o quanto nós podemos andar em círculos na questão da apropriação cultural, culpar uma única pessoa pela utilização de um adereço, pode ser uma forma ineficiente de combater o apagamento cultural gerado única e exclusivamente pela cultura dominante.

19 respostas em “APROPRIAÇÃO CULTURAL – Racismo ou Assédio Capitalista?

  1. Então, o alisamento do cabelo de um negro seria uma forma de apropriação da cultura branca? Ou isso só ocorre quando é o contrário?

    • Apropriação cultural ocorre quando uma cultura dominante se apropria de um elemento de uma cultura dominada, que tenha significado, seja esse cultural, religioso ou histórico. Cabelos lisos não guardam nenhuma história que tenha significado ou que represente resistência, até porque brancos não tem a que resistir. Somos uma cultura dominante. O que você está afirmando é o mesmo que defender a ideia de racismo reverso. Não faz sentido e não existe.

  2. Finalmente entendi a gravidade da apropriação cultural!! Muito obrigada. Mas ainda me questiono, brancos poderiam usar acessórios de culturas negras se soubessem a importância do ícone e dessa cultura? Ou seriam coisas apenas para o povo dessa cultura? Por exemplo, o uso de turbantes. seria errado um branco usar um turbante mesmo sabendo sua importância? Se vocês puderem me esclarecer isso vou ficar muito grata 🙂 beijos

  3. Eu acho que racista é esse termo: “apropriação cultural”. Para mim e muitas pessoas, já se foi há muito tempo as “coisas de gente branca e coisas de gente negra”.
    O que você chama de “apropriação cultural” pode ser simplesmente a integração de culturas e isso é algo muito bonito. E já que você envolveu a música nos seus argumentos, vamos lá…

    Chuck Berry fez sucesso em uma época onde o racismo era muito mais “descarado”. Em seus shows havia a tentativa de separação da plateia , de um lado os negros e do outro os brancos, mas quando ele tocava todos se juntavam para dançarem juntos, e outros músicos negros do Blues já haviam causado a mesma reação. A música negra então ultrapassou a barreira “música de negro” e surgiram caras como Eric Clapton, Jophn Mayall, johnny winter, Steve Ray Vaughan, Joe Bonamassa, John Mayer (eu poderia passar a noite toda citando nomes). Todos esses caras dividiram o palco com os negros “fundadores” do estilo e lugares onde aceitavam somente brancos passaram a abrir suas portas para os negros. Veja bem, o Blues e o povo negro norte americano não perderam sua identidade porque os brancos se “apropriaram” do seu estilo musical e no hip-hop há pouquíssimos brancos para serem citados, então não entendi a danação dessa cultura como você supôs.

    Se eu sou branco e cresci ouvindo rap e vendo meus colegas negros dançando break, eu não posso ter o desejo de dançar e cantar rap como eles porque isso é coisa de negros e para negros ? É dificil aceitar que um branco pode ser tão bom quanto um negro tocando blues ou fazendo qualquer coisa da cultura negra ? Isso me parece racismo !

    Quando eu vejo um branco de dread não vejo “higienização” alguma da cultura negra, mas vejo que o interesse pela cultura rastafari também superou a cor da pele e é muito bom ver pessoas brancas vivendo algo que foi cultivado pelos negros. Existem aqueles que usam por puro modismo e nem fazem ideia do que aquilo significa ? Sim ! Mas isso não significa que existe uma conspiração reacionária burguesa capitalista, mas apenas que existem pessoas modistas.

    “[…] O povo egípcio construiu grandes monumentos imortalizados, e mesmo assim, há uma grande duvida acerca de que eles realmente tinham conhecimento para construção destes monumentos, por serem negros, há uma enorme necessidade de apagamento na história de inteligência e astucia desse povo[…]”

    Me diz uma coisa, de onde você tirou que tentam apagar os feitos dos Egipicios por eles serem negros ? O fato deles serem pioneiros na medicina é amplamente aceitado e quanto a autoria das piramides nunca se falou “Não….os negros não podem ter feito isso”. O que se tem são estudos não muito bem aceitos de alguns estudiosos e teóricos da conspiração.

    Por fim, me parece muitas vezes que teorias racistas são criadas pelos próprios militantes…

    • Primeiro que você é branco, não devia decidir o que é apropriação cultural, quem decide somos nós, negros.
      Artistas brancos, como Eminem, utiliza da cultura negra para lucrar, e olha que estranho né, um artista branco cantando rap é valorizado, respeitado, aplaudido e ganha até prêmios, enquanto os negros são olhados de forma feia por gostar e propagar esse tipo de música.
      Brancos fazendo papéis de negros, como no caso da novela que retrata sobre uma parte da bíblia, não tem negros representando os personagens, MAS, sim brancos que até se pintam para ficarem “negros”.
      Sem contar que apropriação cultural não é racismo pelo mesmo motivo que a moça disse lá em cima, pq seria racismo contra brancos, o que não existe, branco não é parado na rua por policiais com a desculpa de “procedimento padrão”, branco não é vigiado em lojas por acharem que irão roubar, branco não é apontado por ser aquele portador de “cabelo ruim”, ou seja, branco não sofre nada por ser branco.

      • Bom dia Rayssa, tudo bem ? Espero que sim.
        Eu notei que a sua réplica contém algumas más interpretações e alguns pequenos equivocos, por isso vou selecionar cada parte do seu comentário (em ordem aleatória) para te responder, afim de evitar maiores precipitações.

        “Artistas brancos, como Eminem, utiliza da cultura negra para lucrar, e olha que estranho né, um artista branco cantando rap é valorizado, respeitado, aplaudido e ganha até prêmios, enquanto os negros são olhados de forma feia por gostar e propagar esse tipo de música.”

        Sinceramente, esse seu comentário me parece apelativo e quase tende para o vitimismo, mas vou considerar que é apenas desinformação da sua parte, então vou te colocar a par dos fatos.
        O Eminem canta rap desde criança. Era a forma de expressão dele e o cara andava com o pessoal (negros) do Hip Hop de Detroid desde a adolescencia. Se ele veio a fazer sucesso, bom para ele.
        Você está sendo reducionista ao dizer “Utiliza da cultura negra para lucar”, pois há uma história de vida que liga o artista a linguagem dele, e não mera estratégia de marketing.

        Curiosidade: O Eminem e o Dr. Dre (branco e negro, respectivamente) foram os “padrinhos” na carreira do “50 Cent”. O Eminem ganhou dinheiro tanto quanto os artistas negros 2Pac, Snoop, Notorius, Coolio (etc), e além disso, ainda projetou outro artista, e dessa vez, negro 😉
        E sabe quem foi o padrinho do Eminem ? O Dr. Dre, que é negro. Olha aí, negros e brancos trabalhando juntos. VEJA QUE O EMINEM SOMOU AO HIP HOP, AO INVES DE SE APROPRIAR.

        Sabe porque te achei vitimista ? Porque os artistas negros são “premiadissimos”, o que acaba com essa falácia de que o artista branco foi condecorado e os negros excluidos da “festa”, dentro de sua própria cultura.
        Vamos aos fatos. Racionais: VMB (1998), Prêmio Hutuz (2002), Ordem ao mérito Cultural (2006), novamente um Hutuz (2009), e um “Prêmeio Multishow (2014).

        Eu tive que editar meu texto pois estava longo demais nesse tema. Mas procure saber sobre as fortunas e premiações dos artistas negros norte-americanos, ok ?

        “Brancos fazendo papéis de negros, como no caso da novela que retrata sobre uma parte da bíblia, não tem negros representando os personagens, MAS, sim brancos que até se pintam para ficarem “negros”

        Isso é verdade e é indiscutível, está correta. É algo lamentável, mas isso tem mais a ver com o racismo em sua forma estética do que sobre apropriação cultural, pois não se nega os feitos aquele povo. Infelizmente me parece que os produtores de Tv ainda se prensdm aos estereótipos de beleza, erroneamente estabelecidos, utilizando atores de pele clara e cabelos lisos, mesmo que isso não seja sinônimo de beleza e contrário as caracteristicas do povo egipicio.

        “Sem contar que apropriação cultural não é racismo pelo mesmo motivo que a moça disse lá em cima, pq seria racismo contra brancos, o que não existe, branco não é parado na rua por policiais com a desculpa de “procedimento padrão”, branco não é vigiado em lojas por acharem que irão roubar, branco não é apontado por ser aquele portador de “cabelo ruim”, ou seja, branco não sofre nada por ser branco.”

        Não existe racismo contra brancos. Quando eu falei que “apropriação cultural” é um termo racista, fui provocativo, mas não incoerente.

        Há diferentes formas de racismo. Ser visto como bandido, suspeito, vítima de abordagens arbitrárias, violência, privações de direitos civis e constitucionais, tudo isso e outras coisas são apenas algumas de muitas formas de racismo.

        Sabe uma outra forma de racismo ? A segregação.
        Vou te explicar: Quando nós isolamos um grupo do convivio social, nós o marginalizamos.
        Quando negros agem com argumentos do tipo: “Essa é minha cultura. De negros para negros. Brancos não tem que se envolver”, vocês estão criando uma barreira social, afastando seu grupo étnico dos demais grupos que compoem a sociedade, ou seja, é uma atitude racista em desfavor de vocês mesmos. Pense: Quanto mais negros e brancos juntos, menor será a cultura racista. O interesse dos brancos pela sua cultura deveria ser utilizado a favor da luta contra o racismo.

        E sim, desmerecer ou tratar qualquer pessoa de outra etnia que sinta interesse por sua cultura é também uma forma de racismo. Claro que esses casos possuem um incidencia insignificante e não se compara aos problemas raciais de fato, mas não deixa de ser uma atitude escrota.

        Creio que há o aspecto de resistência ao querer preservar sua cultura, mas como eu disse no texto anterior, usando o exemplo do Blues, a integração de brancos no estilo foi muito mais positiva do que negativa, portanto, não coloca a cultura em risco, só a enriquece.

        “Primeiro que você é branco, não devia decidir o que é apropriação cultural, quem decide somos nós, negros.”

        Primeiro que “apropriação cultural” é um fenomeno social, que pode ser analisado sob diversos prismas. Não são negros ou brancos quem decidem o que é ou deixa de ser, mas sim uma análise sociológica, baseada em estudos e observações. Eu, como cidadão, colaborei com as minhas observações.
        Eu sou branco e você não vive em uma bolha onde só existem negros. Nosso país é miscigenado, essa é a nossa raíz. Infelizmente o racismo e a desigualdade social também estão enraízados em nossa cultura, mas não é nos dividindo que iremos superar isso.

    • Gostei muito do seu comentário, gerou um contra-ponto digno de um debate, o texto me fez encarar a apropriação cultural de uma forma que nunca tinha analisado…

      • Obrigado Jessica. Acho que contra-pontos são importantes. Sem eles pendemos para o extremismo.

    • interessante sua resposta, meio nada a ver com o post, mas interessante.
      não foi dito em momento algum que brancos não podem usar X ou y que não podem ouvir X ou y.
      a sua postura de desonestidade com o apontamento do texto, me leva a crer que vc não criou contra ponto, você mudou completamente o sentido do que vc leu e quis absolver assim.
      o texto está aí justamente pra desmentir a idéia de que pessoas brancas são apropriadoras. e SIM, existe um enorme apagamento da contribuição egípcia na medicina.

  4. Ótimo texto! Mas eu gostaria de deixar uma crítica construtiva: Você precisa colocar fontes! Fontes confiáveis como artigos, citações em livros e etc. Coloque como hiperlinks, sei lá… Essa sua afirmação que o pai da medicina seria na verdade Imhotep, por exemplo, onde está a fonte confiável disso? Isso trás menos margem para questionamentos e valoriza toda a linha de pensamento!

  5. Acho esse assunto bem polêmico, e acho errado tratar a cultura como um grande folclore, como algo que não pode ser mudado ou sofrer alguma transformação, trancar todo objeto ou rito cultural num museu. Continuo acreditando que mudanças e fusões de culturas são processos naturais.
    Por parte, me parece correto que a industria da moda e da mídia sempre tem de ser criticadas, por mil erros, mas a discussão é complicada, usando esse texto como exemplo: “turbante, que quando usado por brancos é visto como um desrespeito aos povos africanos, visto que é mais conhecido como um símbolo de luta negra, mas é usado também por povos do oriente médio, da Índia e outros com propósitos diferentes, e isso não torna nem os negros, nem os árabes, nem os indianos apropriadores culturais: eles simplesmente dividem um elemento em comum, com significados e funções diferentes.”

    • Concordo Mona. Acredito que é um processo natural e inevitável, dado a globalização. Vejo que algumas culturas de imigrantes se fecham em comunidades nos países em que habitam, ora por iniciativa dos próprios e, infelizmente, também pela própria xenofobia. Mas penso: Se os “nativos” tivessem algum interesse pela cultura do imigrante, compartilhar não seria a melhor forma de integrar os grupos ?
      Atualmente vemos muitos jovens europeus, filhos de imigrantes árabes, se aliando ao EI por um recentimento criado aos países que o receberam mas os excluiram ao mesmo tempo. Será que a integração cultural não seria mais eficaz que o protecionismo, para fins de uma sociedade menos dividida e problemática ?

  6. Adorei o texto e as explicações. Já li muitos textos sobre apropriação cultural, mas até agora não consegui achar a resposta para: Caso uma minoria se “aproprie” de um objeto de outra minoria, seria apropriaçao cultural também? (por ex: se uma pessoa indiana usasse artefatos/objetos da cultura negra ou vice-versa)

  7. Achei o texto excelente, principalmente pelo debate nos comentários. Acho sempre construtivo debater sobre assuntos “polemicos” pra descontruir e informar sobre o tema.

    Eu sou branca, sempre AMEI tranças. sempre, desde pequena. Fazia tranças no cabelo todo, deixava dias, aporrinhava meus pais toda vez que via “tererê” escrito em algum lugar. Jogava handebol no colégio e fazia sempre trança embutida pra entrar em quadra. Inclusive era meu momento de concentração antes dos jogos. Sentar, respirar, fazer minhas tranças (jogava com duas embutidas, no estilo “garota de ouro”), Hoje em dia eu sou maluca de vontade de fazer a “Trança Nagô” , mas sempre fico com o pé atrás com medo de estar “me apropriando”.

    Li muito sobre o assunto, vários outros povos usam tranças, os vikings nórdicos, indianos, egípcios e etc… Ai eu parei pra pensar, poxa, então teriamos que parar de usar um bocado de coisa porque seria apropriação. Turbante, tranças, Cocares, Crucifixo, etc..

    Tem um comentário aqui em cima que eu concordo plenamente, essa segregação de “isso é meu”, “isso é seu” só piora e delimita mais ainda uma linha rascista, não?

    A luta não é minha, por isso estou perguntando. porque, por exemplo, hoje eu não faço a nagô, porque eu sei que há essa luta, e mesmo não compreendendo totalmente (afinal a luta não é minha) eu respeito.
    Mas quando criança usei muito, porque achava bonito e ponto. E não tinha nenhuma revista me mostrando que era cool, eu via outras pessoas usando, gostava, e replicava.

    Eu acho sim que o negro deveria ter muito mais representatividade. Em tudo.

    Gostaria de saber a partir de que ponto deixa de ser “inocente” e passa a ser “desrreipeitoso”.
    o conhecimento da causa é que faz a diferença?

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